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O jornalista (ou comentarista cômico) da Folha de São Paulo José Simão (que responde pelo codinome de “Macaco Simão”) é o grande responsável pela identificação dos novos dialetos contemporâneos da língua portuguesa brasileira. Bom, na verdade, José Simão cunhou os termos que batizam dialetos fictícios, que na verdade, não são dialetos, mas estilos de discurso ou recursos estilísticos de discurso.

 

Então, os “dialetos” identificados pelo Macaco Simão são o tucanês, o antitucanês e o lulês. Todos esses dicionários fazem referência aos mais recentes presidentes do Brasil – Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio “Lula” da Silva –, seus respectivos partidos e seus estilos e modos de discurso. É importante ressaltar que, embora o Brasil conte com um sistema multipartidário (com mais de 20 partidos), tem no PSDB e no PT, os dois grandes partidos que de alguma forma acabam orientando os todos os outros que – característica que é ainda mais sustentada pela presença do segundo turno em nosso sistema eleitoral – acabam por se dividir entre aqueles que são mais PSDB (tucanos) ou PT (lulistas).

 

Sendo a Folha de São Paulo o jornal mais vendido do país e o Macaco Simão uma de suas grandes estrelas, esses termos (tucanês, antitucanês e lulês) se tornaram vocábulos comuns ou pelo menos referências comuns em blogs, reportagem, textos de opinião e até mesmo em conversas de mesa de bar e de bancos de praça. Por isso, e até para poder usar esses termos, explicaremos brevemente o sentido de cada um deles (e o que constitui o “dialeto” em questão).

 

O Tucanês

 

O dialeto tucanês recebe esse nome por se referir ao estilo do discurso usado pelos membros, militantes e eleitores do partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – O PSDB. Os políticos, militantes e eleitores de tal partido são popularmente chamados de “tucanos” como referência à mascote e ao símbolo do partido (que é, obviamente, um tucano).

 

Como o homem símbolo do partido (o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) era (e ainda é até hoje um dos principais líderes de tal agremiação política) um sociólogo com muitos doutorados honoris causa oriundo de uma educação extremamente formal e poliglota, seus discursos eram recheados de palavras e expressões deveras rebuscadas. Mesmo os piores acontecimentos que acometiam a república eram comentados com uma fleuma britânica e um parnasianismo bilaquiano. Muitas vezes, tal rebuscamento transbordava e se transformara em um eufemismo cômico.

 

Portanto, uma pessoa faz uso do dialeto tucanês toda vez que a erudição, fleuma ou (suposta) neutralidade e objetividade, ultrapassa os limites do razoável e se transforma em um eufemismo. Sendo que, muitas vezes, tais eufemismos acabam tornando-se ridículos. Alguns exemplos, retirados do dicionário online organizado pelo próprio Simão:

 

Ponto de concentração dos meios externos – estacionamento

 

Triangular a informação – fazer fofoca

 

Espaço eleitoral do candidato – comitê

 

Infante exposto – Menor abandonado

 

(essas e muitas outras expressões típicas do dialeto tucanês podem ser encontradas em: https://noticias.uol.com.br/uolnews/monkey/tucanes.jhtm).

 

Finda esta breve apresentação sobre tal variante política do vernáculo, ou, tendo explicado o significado de tal “dialeto” podemos finalizar esta postagem deixando os outros dois dialetos catalogados pelo Macaco Simão (o antitucanês e o lulês) para as próximas postagens.

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