Preparando a sabedoria para destilação

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Como já cansei de escrever neste blog, uma língua é sempre fortemente influenciada por uma cultura. Afinal, a língua é a unidade básica para a comunicação de um povo, de seus modos, de seus pensamentos, de sua arte, de seu cotidiano. Escrevi também (ao ponto da exaustão) que línguas são dinâmicas (assim como o pensamento, os modos, a arte, o cotidiano) assim como as ideias que representam e assim como essas ideias, se combinam de múltiplas formas e em grande velocidade. Tal combinação entre as ideias chega a se dar, as vezes, de forma tão rápida e entre tantas etapas (que para quem as combinou, nunca parecem tantas assim) que muitas vezes o resultado parece incompreensível, despropositado e sem sentido, exceto para a pessoa que lhes combinou. O mesmo acontece com as palavras e expressões – com a óbvia diferença que ao ser comunicada muitas e muitas vezes, tal combinação linguística se “solidifica” – que às vezes não conseguimos entender o seu sentido. E, às vezes, embora compreendamos seu significado, sinceramente não fazemos a menor ideia de sua origem e, no fundo, achamos que aquelas palavras juntas não fazem o menor sentido.</p

Esse é o caso, ao menos para mim, da expressão que é tema deste post (e do próximo também): “destilar sabedoria”. O problema, para mim, da expressão “destilar sabedoria”, que obviamente não possui sentido literal (e eu nem tento compreendê-la nesse sentido), é o simples fato dessas palavras de universos tão distintos estarem combinadas de forma tão peculiar.

 

A “Sabedoria” é definida pelo Houaiss como “acúmulo de conhecimento, ciência, saber” ou “justo conhecimento, natural ou adquirido das verdades”. Difere-se da cultura ou da ciência por não estar ligada, necessariamente, à intelectualidade, à boa educação e às universidades de ponta. A sabedoria está mais ligada ao conhecimento obtido na “escola da vida”, com a experiência, é como se fosse, enfim, o mais próximo que um “mané” pode chegar da malandragem. Tal ligação da palavra sabedoria com a experiência de vida pode ser facilmente verificada ao se tentar imaginar a figura de um sábio: as figuras mais imaginadas (estereótipos?) serão certamente: um idoso (ocidental) de barbas longas – quase certamente bancas – cajado de caminhada, trajando um manto ou túnica bem surrada (enfim, uma figura semelhante a Moises, Merlin ou a uma mistura entre essas duas figuras); e um idoso (oriental) trajando equivalente oriental de uma túnica, também bem surrada, vivendo como um eremita (algo como um monge tibetano, o senhor Miyagi, o Pai Mei ou uma mistura dos três).

 

Bom, agora que já explicamos a sabedoria, pararemos por aqui. Na semana que vem, começaremos a destilá-las.

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