A Cultura Nerd e o Aprendizado de Idiomas
Parte 2 – Os Nerds e a Língua Inglesa
O inglês é de longe o idioma estrangeiro cujo aprendizado é mais fácil e comumente favorecido e facilitado pelo contato com a cultura nerd / pop. Afinal, o inglês é a língua mãe do nerdismo. Mais do que isso, não só o próprio termo nerd (como também o termo geek para aqueles que fazem questão de diferenciar os dois conceitos, o que não farei aqui, afinal, isso é um tema para outro post) como também a própria divisão das pessoas em tribos de high-school surgiu nos Estados Unidos.
Além disso, foi nos Estados Unidos também que nasceu e ganhou força grande parte das principais manifestações da cultura pop e nerd: seriados (com Star Trek), cinema (com Star Wars), RPGs (com Dungeons & Dragons), videogames (com o Atari), comics (quadrinhos de super-heróis, com o Superman), etc.
Além do histórico e da maciça produção de artigos e itens da cultura nerd / pop advindos dos Estados Unidos, o acervo em língua inglesa ainda conta com a contribuição (sempre com ar um pouco mais cool) dos britânicos, especialmente nos comics (a invasão britânica na Vertigo) e nas séries de TV (com o sempre regenerável Doctor Who).
Todo esse extenso histórico, ao qual diversas produções se juntam diariamente, junto com o fato da língua inglesa ser a mais difundida no mundo, torna o idioma britânico aquele cujo aprendizado é mais beneficiado pelo apreço pela cultura nerd / pop. Basta frequentar alguns grupos e comunidades nerds na Internet para perceber que a quantidade e a porcentagem daqueles que falam inglês (muitos com proficiência) são bastante elevadas. Eles assistem os seriados antes de sua exibição aqui no Brasil (e consequentemente antes de sua legendagem ou dublagem), importam quadrinhos diretamente dos EUA e se aventuram através de livros ainda não traduzidos com centenas de páginas descrevendo a geografia de mundos imaginários.
O engano de muitos não nerds que precisam lutar para criar a coragem necessária para simplesmente pegar no livro de inglês fora do horário de aula está em pensar que esses fãs alucinados são capazes de fazer todas essas coisas por terem estudado com muito afinco (o que não deixa de ser verdade), pelo simples prazer de estudar, afinal, bom, eles são nerds. Nerds que, em teoria, teriam prazer em estudar (como fim em si) do jeito mais tradicional possível, o que, no aprendizado da língua inglesa, geralmente, envolve fazer centenas de exercícios e decorar uma lista do passado dos verbos irregulares. Mais especificamente, o erro de avaliação de muitos não nerds que se debatem no aprendizado do idioma estrangeiro está em acreditar que existe uma relação causal entre o estudo “bitolado” (causa) e as nerdices exemplificadas no parágrafo acima (consequência), quando na verdade, existe uma relação ou um processo muito mais complexo, uma espécie de retroalimentação.
Bom, como o texto está ficando muito grande, vou ficando por aqui. Mais detalhes sobre essa retroalimentação e sobre o pulo do gato usado por muitos nerds para o aprendizado da língua inglesa na próxima parte. Para que você, que não tem a menor empolgação com o Present Perfect e não quer que a força esteja com você, possa adaptá-lo ao seu estilo e tornar seu aprendizado mais interessante (ou menos doloroso).