A Cultura Nerd e o Aprendizado de Idiomas

Todo bom nerd sabe que todo o jogo tem que acabar no Boss, no chefão, no inimigo mais terrível e poderoso que poderia habitar o universo daquele jogo: Koppa, M. Bison, Shang Tsung. Por isso, para colocar um fim (ou uma pausa) nessa série de posts sobre os idiomas e a cultura nerd, falaremos um pouco sobre o idioma que parece menos relacionado ao nerdismo. Um idioma que parece estar relacionado apenas as coisas mais antinerd possíveis: o francês. Sim, esse é o nosso Boss, ou melhor, nosso Chef.

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Parte 8 – Sci-Fi X Nouvelle Vague

Bom, talvez, tudo o que eu disse acima nem seja verdade, mas, pelo menos é a impressão que eu tenho. Não só eu, afinal parece ser uma impressão comum entre alguns amigos nerds e não nerds. Por isso me pergunto, de onde essa impressão (independente de ser ou não comprovada) se origina ou pelo menos mais se demonstra? Para mim, no cinema.

Os fãs do cinema nerd adoram blockbusters hollywoodianos cheios de efeitos especiais, cenas de ação, momentos dramáticos (alguns clichês, mas não importa), temas grandiosos (quase todos clichê, mas não importa), universos complexos, edição rápida e tudo mais. Já os seguidores do cinema francês preferem os filmes franceses (dãaa) ou de outros países europeus, pequenos filmes independentes, cenas cheias de simbolismos, momentos com um drama contido, temas intimistas, a investigação e ou crítica de nosso próprio universo (não, nada de fugir para um universo imaginário), edição mais lenta (para favorecer a contemplação e a reflexão) e tudo mais que fazem um monte de nerds dormir na cadeira do cinema ou na poltrona de casa.

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Essa oposição também sai das telas. Os fãs do cinema francês (ou cinema europeu, ou cinema independente, enfim, aquele definido em oposição ao cinema que é chamado de hollywoodiano) odeiam a mercantilização dos filmes e a venda de produtos baseados neles (eles odeiam até mesmo a pipoca e o refrigerante que atrapalhariam a apreciação do espetáculo), enquanto os fãs do cinema nerd se esbaldam em camisetas, action figures (bonequinho não!), canecas, bonés, etc.

Porém, mesmo com todas essas diferenças e antagonismos, existe algo que une os fãs desses dois cinemas. Sim, a resposta é bem clichê (para homenagear hollywood): a paixão. A paixão fanboyzística (ou de connoisseur) que ambos os “lados” sentem pela sétima arte. É essa paixão que pode servir como motivação para o aprendizado do idioma francês para apreciar os filmes sem a legenda (que não deixa de ser uma adulteração da obra original) ou para ler os diversos livros sobre a teoria, a técnica cinematográfica e o engajamento político da nouvelle vague ou de outros movimentos do cinema francês (os fãs do cinema francês não compram action figures, mas compram livros, aposto que algum deles, assim como os nerds não brincam com seus action figures, também não leem seus livros…) sem precisar depender da boa vontade do mercado editorial brasileiro em fazer uma tradução (ainda mais se tratando de um produto de nicho).

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Contudo, resta uma dúvida: peraí, então, se eu for um fã da cultura pop / nerd não há nada no cinema francês para mim? Se eu quiser usar os filmes como auxílio do aprendizado do idioma vou ter comprar dezenas de latas de Red Bull? Bom, as coisas não são bem assim, e também tem cinema pop / nerd em Paris e falaremos sobre isso e sobre outros hobbies e paixões que podem auxiliar no aprendizado do idioma francês no próximo post.

Observação 1: Não se trata de escolher lados, contudo, essa série de posts é sobre a relação entre a cultura pop / nerd e os idiomas.

Observação 2: Todo Boss, ou neste caso Chef, sempre dá aquela voltadinha (à la Jason) no final. Por isso, temos que ter mais uma parte.

 

 

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