A duração suprema do voto – Parte 2

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O mais impressionante, para mim, é que muitos desses votos de duas ou três horas estão alinhados com o voto do Redator (que escreveu o relatório final, lido por todos previamente, e foi o primeiro a votar). Parece-me muito improvável, que com todos esses pontos em comum (com o voto do Redator – que já foi ouvido por todos – e com o Processo Escrito – que já foi lido por todos os votantes) reste ainda duas ou três horas de considerações a serem feitas. É muito improvável que nenhum dos argumentos tenha sido contemplado ou apresentado em um dos votos anteriores. Por mais complexo que seja um fato, me recuso a acreditar que haja tanto a ser argumentado, questionado e considerado a respeito dele (lembre-se são cerca de três, quatro horas para cada voto de cada ministro a respeito de cada acusação!).

 

Pode-se argumentar, é claro, que os debates são benéficos para um caso como esse. Que, assim como todo o país esteve e está fazendo, o Supremo Tribunal Federal deve discutir todos os detalhes desse caso. Não acredito, contudo, que votos tão longos sejam benéficos ao debate. Para mim, possuem o mesmo efeito daquelas perguntas longuíssimas que sempre são feitas ao final de toda palestra ou exposição: quando se chega ao fim do comentário, o palestrante já se esqueceu sobre o que tratava a pergunta. Além disso, não parece que os ministros estejam realmente dispostos a debater. Não consigo evitar a impressão de que tais votos longuíssimos pouco ou nada têm a ver com debate, e sim, com uma demonstração (uma verdadeira virtuose) de “imenso e notório saber jurídico”.

 

O pior é que além de tais falas longuíssimas não contribuírem com o debate na corte, também não contribuem com o debate na sociedade. Afinal, a grande maioria das pessoas acaba impossibilitada ou desmotivada a acompanhar os votos em sua fonte original, ficando, portanto, dependente do relato de terceiros. Relatos esses que, assim como aqueles que o fazem, às vezes tendem mais ao lado Fla, às vezes mais ao lado do Flu

 

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