A independência da Escócia – O Referendo Que Pode Mudar o Destino de Quatro Países e de Muitas Bandeiras
Em exatamente uma semana o mundo terá a resposta do referendo que será realizado na Escócia na próxima quinta-feira. Para muitos isso pode parecer algo distante e sem muita influência, entretanto muita coisa pode mudar caso isso ocorra.
Porém antes fazemos um breve passeio histórico para entender mais sobre a Escócia:
O império romano domina a ilha da Grã-Bretanha, entretanto não consegue invadir o extremo norte que era dominado por duas tribos celtas, os escotos (scots) e os pictos (picts), esses recebem esse nome por pintarem seus corpos de azul para lutar contra os soldados latinos, daí o nome pictos referindo-se a pintados.
Como os romanos não conseguiram avançar mais ao norte, um imperador chamado Adriano, constrói uma muralha, chamada de Muralha de Adriano e que vai de costa a costa da ilha britânica, assim isolando os pictos e escotos do império, já que esses não puderam ser dominados.
Muitos tempo passou, o império romano caiu, a Inglaterra começa a formar-se e invadir os territórios vizinhos. Um desses territórios invadidos é o norte da ilha, ou seja a Escócia. Contra essa invasão surge William Wallace, um guerreiro escocês que liderou seus compatriotas na resistência à dominação imposta pelo reinado de Eduardo I. O personagem é retratado pelo australiano Mel Gibson, no premiado filme Brave Heart (Coração Valente)
Mais tempo passa até o ano de 1707 quando o Reino da Escócia e o Reino da Inglaterra são unidos. O Tratado de União de 1707 surge em favor de um novo Estado que se veio a chamar o “Reino da Grã-Bretanha”. Posteriormente, já em 1801 ocorre a união com a Irlanda formando assim o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. A sobreposição das três bandeiras forma a famosa Union Jack.
As três bandeiras representam três santos e respectivos padroeiros dos países que as possuem: A da Inglaterra, São Jorge (St. George), a da Escócia Santo André (St. Andrew), um santo que foi crucificado em X em não em T como Jesus. Por último a antiga bandeira da Irlanda que representava São Patrício (St. Patrick)
Depois desse passeio histórico muita coisa mudou, e outras não. A Irlanda em 1922 foi dividida em duas sendo que sua parte sul torna-se um país independente e republicano e seis condados ao norte da ilha seguem fazendo parte do Reino Unido, agora chamando-se Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
O inglês, assim como na Irlanda, também se tornou a língua oficial e predominantemente falada na Escócia deixando como secundárias as línguas locais. Porém a língua inglesa foi assimilada de uma forma diferente na escócia, sendo que uma característica marcante de inglês escocês é o seu sotaque muito forte e marcado com os ERRES pronunciados de uma forma especial. Veja esse vídeo cômico de dois escoceses que entram em um elevador com reconhecimento de voz para ir ao andar desejado:
Há também formas de falar que são tradicionais da Escócia, como por exemplo a frase “Where do you stay?” (Onde você fica) – Para dizer o que seria “Where do you live?” (onde você mora) em inglês que não seja o escocês.
Dentro das línguas locais que foram sucumbidas pelo inglês está o Scots, que é pertencente ao tronco germânico e possui muitas similaridades com o “old English”. É majoritariamente falada nas terras baixas (Lowlands) da Escócia. A seguir um poema em Scots (para os que conseguem ler em inglês, muitas palavras serão identificadas):
I spiert gin I micht cowp a boat
an mak a hoose for hens o’t.
Three gowks perjink’t up frae the Reek
eence-eirant, tae mak a end o’t.
O, gin ye bigg, dig, thack or rig,
or gin it’s juist the mend o’t,
the wind that blaws frae Reekie’s lums
will aye be the end o’t.
I spiert the Burghers, ‘Micht I claid
my tongue, an mak amends o’t?’
They lauched an fleired sae lang an coorse
I’ll nivver ken the end o’t.
O, gin ye spell, speak, rhyme – or, Hell –
e’en gin ye juist ken o’t,
the wind that blaws frae Reekie’s lums
will aye tak a len o’t.
Whan thay gaed tae bigg a Pairliment
i the Conongate, near the end o’t,
haith – thay made it oot o cowpit boats,
eence-eirant, tae mak a spend o’t!
For ocht ye dae, or care a strae,
or gin ye juist tak tent o’t,
the wind that blaws frae Reekie’s lums
will be the hinderend o’t.
O gaélico escocês, majoritariamente falado na parte norte do país que é conhecida como Highlands (terras altas), é uma língua de raiz celta e que é irmã do irlandês, do galês e do Bretão falado no norte da França. No link você consegue acessar o site da rádio BBC em gaélico escocês, ou veja um documentário falado na língua dos highlanders (Se você está pensando no filme Highlander, sim, essa é a origem do nome)
O referendo para a independência:
Em 1999 a Escócia ganhou o direito de ter seu próprio parlamento dentro do Reino Unido, garantindo assim certa autonomia em relação ao poder central em Londres. Entretanto nas últimas eleições para o parlamento, o SNP (Scottish National Party – Partino Nacional Escocês), ganhou as eleições locais e resolveu convocar um referendo que será realizado no dia 18 de setembro próximo. A pergunta do referendo é bem simples: A Escócia deve ser independente? Yes or NO (sim ou não)
Os ânimos estão acirrados dos dois lados da campanha.
Caso o YES (sim) ganhe, a Escócia vai começar um processo para tornar-se desvinculada do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, e consequentemente a bandeira escocesa será retirada da Union Jack (bandeira do Reino Unido). Entretanto a Union Jack está presente em várias bandeiras de países que foram colônias britânicas e ainda possuem laços com o Reino Unido, vide Austrália e Nova Zelândia.
Alguns ingleses mais pessimistas já começam a imaginar como seria a nova Union Jack sem a bandeira da Escócia de fundo:
A título de curiosidade, aqueles que já visitaram a escócia ou tiveram em contato com escoceses, podem haver percebido que esses quase sempre usam uma bandeira juntamente com a bandeira escocesa. Essa bandeira amarela com ornamentos em vermelho é a bandeira Real da Escócia
Agora que você sabe um pouquinho mais sobre esse belo país, há que esperar porque o referendo ocorrerá na semana que vem. O SIM e o NÃO estão tecnicamente empatados e somente o tempo dirá qual será o futuro desse da Escócia, do Reino Unido e de muitas bandeiras pelo mundo.
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