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ou Porque as Declarações de Amor no Facebook só Precisam de Duas Palavras

 

Dia 12 de junho (há dois dias) foi o dia dos namorados no Brasil. Como sempre, dia de restaurantes, floriculturas e motéis lotados. Como de uns tempos para cá, dias de Facebook e Google Plus lotados de declarações de amor e textos românticos. Sejam textos criados de próprio punho (ou próprias pontas de dedos), sejam textos copiados e erroneamente atribuídos a Caio Fernando Abreu ou Clarice Lispector.

 

Porém, eu sempre achei essas longas mensagens escritas estranhas. Isso pode parecer estranho vindo de alguém que sempre teve trabalhos ligados às palavras (talvez, os professores de Curso de Inglês em Belo Horizonte, de Alemão em Salvador ou de Redação em Ribeirão Preto concordem comigo, talvez não, enfim…). Sempre me recusei a fazer isso com uma comparação / pergunta como: “você pede para um vidraceiro lhe fazer uma placa de vidro como declaração?”; claro que ao responder de tal forma eu corria o risco de receber (e recebia, com razão) a pecha de babaca.

 

Então, para deixar de ser um babaca (ou pelo menos de ser considerado como um em alguns contextos) pensei em uma forma melhor de explicar aos outros (e a mim mesmo) porque essas longas mensagens me pareciam estranhas. Acho que a encontrei. Pelo menos eu fiquei satisfeito com minha própria explicação.

 

No fim, a explicação é simples: no meu ponto de vista, as palavras não tem nada a ver com o amor.

 

Palavras são escolhidas com dificuldade muitas vezes apenas para serem t̶r̶o̶c̶a̶d̶a̶s̶ alteradas em u̶m̶a̶,̶ ̶d̶u̶a̶s̶ três ou quatro revisões; o amor é uma escolha mútua onde os indivíduos escolhem a si próprios eles mesmos, é todas as opções em todos os tempos e contextos concomitantemente e nunca redundantemente. Como um rascunho perfeitamente e confusamente esboçado, mesmo que abuse absurdamente e amorosamente dos advérbios, redundâncias e paradoxos.

 

Palavras se repelem. Logo, para mantê-las juntas são necessários pontos, vírgulas, ponto-e-vírgulas, parênteses. Além de tudo isso, ainda são necessárias, portanto, as conjunções; o amor é ser atraído e permanecer junto com tanta naturalidade a ponto de esquecer e na verdade nem precisar de qualquer indicação ou ponto.

 

Palavras, para serem entendidas, dependem de uma série de mecanismos e regras ortográficas, sintáxicas, semânticas, pragmáticas, estilísticas etc.; o amor de ordem não precisa, suas próprias regras faz e entendido não precisa ser (e se pretende nem). Ele apenas ser.

 

Palavras, para mim e para muitos, embora eu goste, são trabalho; o amor, embora muitas vezes dê trabalho, é outra coisa (posso não saber o que é, mas é outra coisa).

 

Palavras, quando penso nelas, são material de construção de diversas ficções; o amor, quando penso nele, é como material de construção para uma vida e para um mundo melhor.

 

É por isso que o amor, embora possa até fazer bom uso das palavras, não precisa de mais de duas: “Te amo”. Às vezes, apenas de um sorriso, de um olhar ou de um emoticon (S2!)

 

P.S: Para se manter fiel ao seu espírito e conteúdo, o texto não foi revisado e contém muitos erros propositais ou não!!

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