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Há alguns anos, em uma livraria, peguei um livro (que acabei comprando depois): “Bartleby – O Escriturário”. Li a resenha e, logo, me interessei. Em dado momento, no entanto, ao lançar um olhar mais atento à capa, li em sua parte superior: “Coleção Grandes Novelas”. Logo, minha mente vagou por algo escrito por Janet Claire e interpretado por Francisco Cuoco. Desviei logo o olhar ao restante da estante à procura de coisas como: “Espelho Mágico”, “Irmãos Coragem”, “A Viagem” e “Vamp”. É claro que não encontrei. Porque havia um pequeno problema.

 

O problema estava na palavra novela. Já que essa é a palavra que nós, brasileiros, usamos quando queremos dizer, na verdade, telenovela. Um gênero de narrativa televisa especialmente popular no México e, no Brasil, é claro. No entanto, as narrativas produzidas por tais países apresentam imensas diferenças. A telenovela (ou novela) brasileira se encontra em algum lugar (em termos de duração, mas às vezes, também de estilo), entre as séries dos EUA e os “teledramas” da Itália. Em comum com os primeiros, o fato de possuir início, meio e fim, ao contrário do segundo que se estende durante décadas. Porém, ao contrário do primeiro, e ao estilo do segundo, é exibida de forma direta e diária (não sendo dividida, portanto, em temporadas).

 

Embora, nós, brasileiros, acreditemos que nossas telenovelas sejam superiores às mexicanas (e, tecnicamente, geralmente o são), essas últimas não ficam atrás no quesito diversão. Sendo mais capazes de rir de si mesmas e de levar os clichês além dos limites mais absurdos, muitas novelas mexicanas (sendo a Ursurpadora, o exemplo mais conhecido no Brasil) transcendem o gênero dramalhão e acabam por se tornar um tipo de gênero exploitation do melodrama. Como muitos desses clichês também existem em nossa cultura novelística, somos capazes de identificar essas referências e de saborear esse exploitation. Tendo isso em mente, para aqueles que fazem aulas de espanhol em São Paulo ou em qualquer outro lugar, podem ser um excelente modo de treinar a compreensão do idioma falado.

 

Mas, por que “Bartleby – O Escriturário” era chamado de novela? Mais detalhes no próximo post.

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