Feriado é dia de coxinha!
Na última sexta-feira (dia 07 de setembro) ocorreram as comemorações do dia da Independência do Brasil. Além dos tradicionais desfiles cívicos e militares, outra comemoração chamou a atenção de grande parte do povo e da imprensa brasileira: um amistoso da seleção brasileira. Afinal, que forma mais apropriada para celebrar a liberdade de pátria de chuteiras de que com um jogo de futebol. Melhor ainda, com um jogo de futebol de sua seleção nacional. Para completar o desenho perfeito, o jogo ainda foi realizado na maior cidade do país, São Paulo, cidade pela qual corre o Riacho do Ipiranga às margens do qual o principie e herdeiro do trono de Portugal, Dom Pedro , declarou a independência do Brasil passando então, a ser, o primeiro imperador brasileiro (tornando-se, então, Dom Pedro I).
Porém, como dizem os filósofos do esporte bretão, “o futebol é uma caixinha de surpresas” e as coisas não correram tão bem quanto às supostamente perfeitas circunstâncias da realização do amistoso pareciam sugerir. O Brasil, mesmo enfrentando a fraca equipe da África do Sul, jogou mal. A seleção acabou por ser vaiada pela exigente torcida paulistana. Além das vaias ouvidas, a torcida que se via era uma torcida com pouca “cara” de torcida. Porém, com muita “cara” de plateia de teatro ou Credicard Hall (uma casa de show). Fato que pode ser explicado pelo preço do ingresso (o mais barato deles, R$80) que acabou por afastar o torcedor de futebol comum e atraiu uma plateia mais acostumada a outros tipos de espetáculo. Desacostumada com a imprevisibilidade da performance futebolística (que é muitas vezes maior do que a teatral). Decepcionados com a qualidade do, na verdade com a ausência de, espetáculo e tendo pago um preço que pode ser considerado salgado, os mais de cinquenta mil torcedores que estavam no Estádio do Morumbi iniciaram uma sistemática vaia contra a seleção canarinho. O problema, aquilo que inquietou os torcedores que não estavam no Morumbi, a imprensa e os jogadores, não foram as vaias em si, mas sua precocidade. Elas teriam começado cedo demais. Em um momento do jogo em que uma torcida “típica” ainda estaria apoiando o time.
Diversas críticas foram lançadas (pela imprensa, jogadores e outros torcedores) contra o coletivo de torcedores presentes no feriado no Morumbi. Mas, como a torcida em questão era paulistana, nada melhor do que resumir a crítica usando uma gíria (pejorativa) também tipicamente paulistana (que poderia ser sintetizada em uma proposição, manchete ou em um tuíte mais ou menos assim):
“Torcida coxinha vaia seleção no Morumbi”.
O que seria um(a) coxinha? Porque essa gíria é pejorativa? Qual a sua origem e porque ela é uma gíria tipicamente paulistana? Serão as perguntas que tentaremos responder nos próximos posts.