Fotonovelas
Parte 2
No post anterior, falamos brevemente sobre as características narrativas e formais de uma fotonovela. Nos próximos dois posts (Parte 2 e 3), continuando no tema das fotonovelas, discutiremos a trajetória de tal forma de narrativa folhetinesca no Brasil. É claro que como a maioria das obras não era produzida no país, a história delas no Brasil se mescla com a história delas no resto do mundo.
Na minha adolescência, na década de 90, fotonovela era praticamente sinônimo de “fotonovela erótica”. Como os filmes ainda dependiam do suporte físico das fitas cassetes, as fotonovelas eram um meio mais barato, mais discreto e mais “compartilhável” de acesso ao material pornográfico para um jovem dos anos 90. Cumprindo uma função semelhante àquela que os quadrinhos eróticos de Carlos Zéfiro (conhecidos pelo nome deliciosamente irônico e psicanaliticamente preciso de catecismos) haviam cumprido na geração anterior. Grosso modo, pode-se dizer que houve uma inversão nos papéis dos quadrinhos e das fotonovelas. Os quadrinhos deixaram de ser um acesso popular à pornografia e se firmaram como uma narrativa não-pornográfica e, muitas vezes, com pudores em excesso, com as raras exceções que acabaram por firmar os quadrinhos como gênero da literatura – a maioria delas está em língua inglesa e é um exercício tão interessante quanto a leitura de um livro para aqueles que frequentam Aulas de Inglês no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Porto Alegre, etc. e desejam praticar a leitura. Já as fotonovelas, que eram as narrativas com pudores em excesso (como sempre, com maravilhosas exceções), por sua vez, se tornaram um meio de difusão da pornografia.
Chega de detalhes pessoais, chega de devaneios e, principalmente, chega de pornografia.
“Encanto” é considerada como a primeira revista de fotonovelas publicada no Brasil, em 1949. Em suas páginas foi publicada a narrativa “Almas Torturadas”. Embora, tecnicamente estivesse mais para um quadrinho ou para uma graphic novel – tanto que na época foi chamada de novela-desenho – uma vez que as imagens que compunham a história não eram fotografadas e sim, desenhadas. Assim como as primeiras radionovelas, “Almas Torturadas” era a adaptação de uma obra literária (obra homônima de Albert Morris).
Continua na Terceira e última parte