Jogos Olímpicos de Inverno e os Dois Idiomas Coreanos
Hoje se iniciam os jogos olímpicos de inverno em PyeongChang na Coréia do Sul. Em uma movida no tabuleiro de xadrez das relações internacionais, o ditador norte-coreano Kim Jong Un, reaproximou-se do seu vizinho ao sul e enviou uma delegação de atletas que jogarão, em algumas modalidades juntamente com os atletas coreanos do sul.
Até ai, tudo soa muito bem, e quem não se alegra com uma reaproximação de dois países irmãos (e evitar talvez uma guerra mundial nuclear)?
No que diz respeito a esses times conjuntos entre norte e sul coreanos, a situação pode ser muito mais complexa do que parece, especialmente no que diz respeito ao idioma. Mesmo que ambas as Coreias falem a mesma língua, elas estão separadas não só por uma fronteira, porém por ideologias diferentes.
Imaginemos, por exemplo o Brasil: um país grande porém bem unido, que assiste os mesmos programas de TV, temos acesso às mesmas novelas, música, etc.
Nós temos 3 palavras diferente para uma raiz deliciosa que pode ser comida frita, assada ou cozida – Mandioca, Aipim ou Macaxeira – são os mesmo nomes para a mesma comida.
Agora os dois países asiáticos estão separados ideologicamente sendo o norte comunista e uma das nações mais fechadas e isoladas do mundo e o sul capitalista. No norte o coreano desenvolveu-se de acordo com o desejo do partido no poder, afim de expressar os seus interesses e quase sem contato com outras línguas estrangeiras.
Um exemplo são as palavras de origem ocidentais que foram incorporadas ao vocabulário sul-coreano e que não existem no norte:
Cabeleireiro em Sul-coreano é 헤어 숍 (Hair Shop) – notoriamente a transcrição fonética com influência do correspondente em inglês. Já em norte-coreano a palavra para cabeleireiro é 미용실 (meeyongsheel), o que significa “salão de beleza” em coreano antigo.
Muitos desertores do norte, cerca de 28000, quando chegam ao sul, não entendem cerca de 10% das palavras do vocabulário, esse com grande influência ocidental e do inglês.
A situação é tão “incrível” que uma empresa chegou a desenvolver um software de celular que traduz usando realidade aumentada texto de coreano falado no sul para coreano falado no norte e vice-versa.
Veja um vídeo explicativo (em inglês) sobre como funciona esse tradutor de Coreano pra Coreano!
Voltando aos jogos olímpicos, a canadense Sarah Murray, técnica da seleção sul-coreana feminina de hóquei no gelo, modalidade essa que será jogada conjuntamente com as norte-coreanas, declarou que para que há muitas barreiras a serem superadas para que a sua seleção tenha sucesso nas olimpíadas e um desses entraves seria a língua.
Mas a situação entre as formas de falar coreano do norte e do sul realmente é tão sombria? Os especialistas dizem que os desertores da Coréia do Norte que conseguem chegar na na Coréia do Sul são capazes de se ajustar rapidamente às diferentes nuances da língua que foi separada por 70 anos e podem se adaptar o vocabulário com as palavras que não se usam no norte.
Então mesmo havendo uma dificuldade na compreensão a maioria dos que observam e fazem parte dessa reaproximação está otimista , e que tudo levará um apenas algum tempo como uma curva de aprendizagem, e ambos os lados aprenderão a entender-se.
Quem sabe, talvez uma nova forma de falar e escrever coreano possa surgir dessa “união” entre times.