img_logo_br

Parte 1 – Abertura

Com o surgimento e a popularização da televisão como meio de comunicação, a migração das narrativas folhetinescas para esse novo meio era natural. Como vimos no primeiro post a respeito das radionovelas, conforme o meio de comunicação audiovisual foi se popularizando e o seu potencial de propaganda foi aumentando, os anunciantes do rádio foram, aos poucos, migrando para a televisão. Como os anunciantes – principalmente de produtos de higiene – não só compravam o espaço publicitário como também co-produziam a telenovela, possuíam, além do capital financeiro, o know-how da produção. Logo, não foram apenas os anúncios, mas a própria forma narrativa (através de seus autores, produtores, etc.) que migrou de um meio para outro.

 

Como a narrativa folhetinesca televisiva se tratava da migração da radionovela para a televisão, recebeu por aqui (e em outros países da América Latina que possuíam narrativas radiofônicas com o mesmo nome) o nome de telenovela. Nome que com a grande popularidade obtida, posteriormente, foi reduzido apenas para novela. Portanto, a relação entre os termos (e os gêneros) “novela” literária e a “novela” televisiva não é direta e sim mediada (pela radionovela, fotonovela, etc.) e é exclusiva dos países latinos. Nos EUA, por exemplo, e aí vai uma pequena curiosidade para aqueles que frequentam aulas de inglês em Porto Alegre ou outros lugares, as telenovelas são chamadas de soap operas porque as primeiras telenovelas por aquelas bandas, na década de 60, eram patrocinadas por fabricantes de sabão (soap), de forma semelhante ao que acontecia aqui com as radionovelas em décadas anteriores.

 

A primeira telenovela brasileira foi exibida pela Rede Tupi, que também foi a primeira rede de televisão do Brasil fundada pelo mítico Assis Chateaubriand, em 1950 foi Sua Vida me Pertence. Como na época o videoteipe não existia, as transmissões de TV eram feitas todas ao vivo (ou seja, Sua Vida me Pertence era encenada ao vivo). Devido às limitações técnicas, a novela era exibida apenas duas vezes por semana e teve apenas 15 capítulos, pelos padrões de hoje, poderia ser considerada como uma minissérie. Sua Vida me Pertence é um marco também por ter exibido o primeiro beijo transmitido na TV brasileira. Beijo esse muito mais discreto, claro, que os exibidos nos dias de hoje, podendo, no máximo, pelos padrões atuais, ser considerado como um selinho.

 

No próximo capítulo, mais sobre o início das telenovelas e suas características.

Comentários sobre O Folhetim está na TV