O que é isso “presidenta”?
Pela primeira vez na história da nação temos uma mulher como chefe de governo. Em um país de cultura extremamente patriarcal onde o arquétipo feminino básico é o de mulher-objeto, ter uma mulher como sujeito das decisões do país é um avanço sensacional.
Obviamente, a eleição e posse de Dilma, não representam o fim dos desafios das mulheres que lutam por seus direitos. Ainda restam muitos outros problemas a serem enfrentados, o que torna ainda mais estranho desperdiçar energia em uma questão lingüística desnecessária. Impulsionada, empolgada (inebriada?) pela onda feminista, Dilma exige ser chamada de “presindenta”. Ela e grande parte da ala feminina da política brasileira parecem encarar a palavra “presidente” como um insulto machista. Tendo chegado ao ponto da senadora Marta Suplicy interromper o colega José Sarney para corrigi-lo por ter usado a forma supostamente “masculina”.
Seria a palavra “presidente” realmente uma demonstração de chauvinismo? Sinceramente, não acho. Varias palavras (com derivação latina semelhante valem para ambos os gêneros). Quando uma mulher vai a um dentista, ele demonstra machismo ao se referir a ela como a paciente? Os professores demonstram machismo a se referir a uma aluna como estudante ou discente? Membros de movimentos sociais são chauvinistas ao referirem-se a uma colega como manifestante? É machismo dizer que Dilma foi uma dissidente do regime militar? Se sim, como explicar, então, a palavra parturiente?
Sinceramente, Marta, Dilma e todas as feministas têm muito mais coisas com o que se preocupar.