Parte 1 – Histórias e perguntas

No último fim de semana, após algumas pré-estreias isoladas, o novo filme do Superman, o Homem de Aço, finalmente estreou nos cinemas brasileiros. A importância do personagem como ícone (ou até como mito) pop é inegável entre os amantes dos quadrinhos e da cultura nerd – seja como o primeiro super-herói ou como propaganda americana, como analisou Umberto Eco. Porém, tal importância não impede que esse herói divida o coração dos fãs da mesma forma que divide as locomotivas que se chocam contra ele: há aqueles que amam e há aqueles que odeiam o Superman.

Um dos principais argumentos dos detratores do Superman é que devido ao fato de ser, literalmente, ”superpoderoso” suas histórias não possuiriam conflito e, por conseguinte, não possuiriam drama. Há um pouco de maldade nesse argumento, afinal existem várias excelentes histórias estreladas pelo último filho de Krypton, porém, há razão em um ponto: é realmente muito difícil encontrar uma boa história nos títulos regulares do Superman.

Contudo, em títulos especiais, essas excelentes histórias abundam: A Foice e o Martelo, Grandes Astros Superman, Para o Homem que Tem Tudo, Reino do Amanhã, Terra Um, etc. Ao ler e pensar em todas essas histórias, existe um elemento comum a ser destacado. Todas elas, em algum momento, colocarão a si mesmas a pergunta: “por que o Superman é bom?” Por que, Kal-El, sendo tão poderoso, não se torna o ditador do mundo (como em “A Foice e o Martelo”; recomendado) ou até mais do que isso como o Miracleman de Alan Moore (recomendadíssimo)?

Olhando por esse prisma, mesmo as histórias que narram uma queda moral do Superman para o “lado negro” (ainda que esse Superman seja chamado de Hipérion ou por qualquer outro nome) e as trágicas consequências dessa queda, não deixam de ser uma resposta à pergunta acima. Ainda que essa resposta seja dada de forma inversa.

Com a chegada do novo filme do Superman, me perguntei como o filme se colocaria essa questão? Após assisti-lo, creio ter tido uma ideia de como isso ocorre e tentarei responder – de acordo com minha visão – na próxima postagem. E você? Tem alguma resposta para essa pergunta?