Por Que o Superman é bom?
Parte 4 – “Ele não vale a pena”
Depois de um longo e tenebroso hiato, estou de volta com a quarta e (em dois ou três dias) com a quinta e última parte da série de posts sobre o novo filme do Superman. Sei que a demora foi longa, porém tive uma série de problemas (tanto no pessoal quanto no profissional) tão grande que resolvê-los de forma mais rápida seria um trabalho para o Superman. O filme já está quase saindo em DVD, mas, como diria meu professor de filosofia política (que provavelmente deve ter ouvido isso de seu professor de filosofia) a coruja de Atena (a sabedoria) só alça voo ao anoitecer (ou seja, só conseguirmos observar as coisas com sabedoria um tempo depois de terem ocorrido).
Bom, sem mais delongas, vamos analisar como o último filme do Superman (antes que saia a continuação) do trio Nolan / Goyer /Snider responde a pergunta “por que o Superman é bom”? (mais detalhes sobre a importância de se responder a tal pergunta e como o filme anterior aborda essa questão podem ser encontrados na Parte 1, na Parte 2 e Parte 3).
Acho que não é preciso um aviso de spoiler, afinal, nesta altura do campeonato todos – que se interessam óbvio – já devem ter assistido ao filme. Mesmo assim, acredito não fazer nenhuma revelação aterradora ou referência a uma cena chave – mas, de qualquer forma, esteja avisado: contém spoilers. (E nenhuma outra delonga).
A verdade na mesa de bar
Um resumo claro de como Nolan / Goyer / Snider abordam a questão é uma cena na qual Clark, durante sua peregrinação, trabalha como um garçom em um bar de beira de estrada. Nessa cena, Clark defende uma jovem colega de trabalho do assédio grosseiro de um caminhoneiro já um pouco alterado pelo álcool, chamado Lobo. (Que por sinal é beberrão, briguento e nômade, pegaram a referência? Não? Confiram a imagem ao lado). Lobo provoca Clark para a briga, chegando até a jogar uma garrafa ou uma lata de cerveja em suas costas enquanto ele se afasta (qualquer semelhança com a figura abaixo não é mera coincidência, só um pouco de sorte). O jovem peregrino dispara um olhar fulminante (não literalmente, já que ele não usa sua visão de calor) contra o caminhoneiro. Antes que Clark possa aflorar toda a sua fúria, a jovem garçonete resgatada atua como a turma do “deixa disso”, com um lembrete: “Ele não vale a pena”. Kal-El resiste à fúria e não infringe o código do herói ao se recusar a matar durante uma explosão de raiva.
A cena deixa claro que embora esse novo Superman ainda seja um herói (e não um anti-herói), ele não possui mais uma supermoral como o escoteiro da verdade, justiça e o modo americano (Parte 2) ou um super-superego como o Superman do filme original de Richard Donner (Parte 3), tal diferença fica ainda mais clara quando vemos o que o Clark faz com o caminhão do Lobo.
Como o texto já vai ficando meio grande, hora de parar aqui. Em 2 ou 3 dias a parte final e a explicação do por que optar por um super-herói que é contra matar em uma crise de raiva, mas não vê problemas em causar danos à propriedade. Enfim, o cerne da resposta para o The Man of Steel na quinta e última parte. Até lá.