Sobre as Dificuldades de Falar Espanhol: Não Caia Em Ciladas!

 O Brasil, país de dimensões continentais encravado na América Latina, é o único país deste continente cujo idioma oficial não é o espanhol. Natural, então, que devido a aspectos geográficos, econômicos e de mercado laboral, muita gente se sinta interessada em aprender o idioma espanhol.

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O espanhol é uma língua românica que evoluiu a partir do latim e seus dialetos falados na Península Ibérica por volta do século IX, expandindo-se, posteriormente, através do Reino de Castela (Castilla, em espanhol) durante a Idade Média. Conta, atualmente, com cerca de 500 milhões de falantes em todo o mundo.

O brasileiro que deseja aprender espanhol deve fazê-lo munido de muita boa vontade e empenho. Isso porque apesar de os alunos lusófonos contarem com uma vantagem inicial que é a semelhança entre os idiomas português e espanhol, essa mesma vantagem tende a revelar sua face mais traiçoeira nos níveis avançados do aprendizado do idioma. Os itens problemáticos o são justamente pela falta de equivalência entre as línguas.

A maior proximidade entre os dois idiomas se revela no seu léxico; uma vez que ambos se originam do latim, cerca de 85% dos vocábulos têm origem comum. No âmbito sintático, entretanto, muito cuidado, pois aqui é onde a semelhança se esvai.

O estudante brasileiro de espanhol fica surpreso quando constata que também na língua por ele estudada se diz, por exemplo, “a trancos y barrancos”, “a quema ropa”, “hacer de tripas corazón”, etc. A semelhança das duas línguas, portanto, não se limita ao vocabulário, inclui também um número considerável de expressões e provérbios.

Por outro lado, há muitas palavras bastante, porem não totalmente semelhantes, que exigem conhecimento e reflexão, sob pena de escorregar na hora da fala.

O advérbio tarde, por exemplo, é igual em espanhol; já cedo é bem diferente (temprano); o substantivo progresso é propriamente igual em ambas as línguas, mas o verbo não: progredir – progresar. A palavra mostrar significa o mesmo, mas demonstrar inclui em português um /n/ que em espanhol inexiste.

O aluno de nível intermediário e avançado que já possui um conhecimento razoável do espanhol deve estar sempre alerta para não aportuguesar termos como femenino, cemento, soborno, diputado, etc., uma vez que é apenas um fonema que diferencia o vocábulo espanhol do português.

A realidade demonstra que a vantagem inicial no aprendizado de uma língua irmã nem sempre redunda num domínio perfeito e rápido do idioma estudado. Ao contrário, tanta semelhança pode atrapalhar o estudante e fazer com que ele tenha um domínio incipiente.

Por isso, todo cuidado é pouco na hora de aprender espanhol. Atenção, correção  e muito estudo são indispensáveis!

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