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A Tropicália ou tropicalismo foi um movimento cultural e artístico brasileiro que surgiu em 1967. Mais precisamente, a tropicália nasceu em uma noite em 1967 (pelo menos de acordo com o aclamado documentário “Uma noite em 67”). Embora, o movimento tenha sido batizado com o nome de uma instalação do artista plástico Hélio Oiticica – primeiro a instalação do artista nomeou uma música de Caetano Veloso e, depois, o próprio movimento artístico – e de ter expandido suas influências para o cinema, o movimento nasceu e floresceu com mais força na música. Hoje, em retrospectiva, o movimento é considerado como o grande momento da música brasileira pós-bossa-nova (apesar de todas as críticas, dos “roqueiros” 80 dos e adeptos da bossa).

 

Mais uma vez de acordo com o documentário Uma Noite em 67, a ideia da Tropicália teria nascido quando Caetano Veloso e Gilberto Gil escutaram os álbuns das fases mais experimentais dos Beatles (do Magical Mistery Tour para frente). Segundo o próprio Caetano, Gil teria enlouquecido ao ouvir os experimentalismos dos quatro rapazes de Liverpool e teria resolvido realizar experimentos semelhantes utilizando ritmos e sons tipicamente brasileiros. Do Brasil tradicional e popular, do Brasil profundo.

 

O movimento já nasceu polêmico durante o Festival da Canção de 1967. Poucos dias, depois de uma passeata contra a Guitarra Elétrica (sério! Ela era considerado símbolo do Imperialismo Cultural ianque) – da qual, estranhamente, Gilberto Gil tomou parte – Gilberto Gil subiu no palco acompanhado dos futuros companheiros de tropicália, os Mutantes a banda de Rock mais experimental do Brasil e uma das mais experimentais do mundo. Com guitarras elétricas e cabelos longos, a banda parecia um bando de argentinos invadindo o palco do mais importante evento cultural da época no Brasil. Já, seu companheiro Caetano, subiu com a banda Beat Boys que não só pareciam, como eram argentinos invadindo o palco do mais importante evento cultural da época no Brasil. O evento ainda contou com a apresentação de Tom Zé (porém, esse acabou menos popular que o segundo).

 

A aprovação completa do público (principalmente do público jovem) e da crítica (Caetano Veloso, com Alegria, Alegria, ficou quarto lugar e Gil com Domingo no Parque, ficou em segundo). No mesmo ano, o grupo (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Torquato Neto e Os Mutantes) lançaram o Disco Tropicália ou Panis et circenses, que serviu de disco de estreia e de manifesto do movimento.

 

Com ideais semelhantes aos da Antropofagia de 1922, o movimento tropicalista também consistia da mistura de elementos pop da cultura globalizada com elementos tradicionais do Brasil profundo. Mais precisamente, a tropicália era a conjunção dos hippies e dos hipster (ou seja, de toda a geração influenciada pelo “On the Road”, Pé na Estrada) com o Brasil profundo, litorâneo, ensolarado e tropical.

 

Bom, conforme dito anteriormente, o próprio nascimento do movimento já é contrário a ideia dos condomínios fechados. Profundamente influenciado pelas ideologias populares pós-On the Road, o movimento tropicalista pedia por um mergulho no mundo, por um conhecimento mais empírico e menos elitista, menos Torre de Mármore.

 

Todos esses ideais são diametralmente opostos à ideia de isolamento, segurança e exclusividade dos condomínios fechados. Por isso, tamanha birra de Caetano, Tom Zé e Gil com o uso do nome do movimento do qual fizeram parte e com as referências às suas músicas no nome dos prédios e no folder promocional. Por isso, as cartas de protesto de alguns dos maiores artistas brasileiros do século XX, que talvez mereçam ter sua obra e seus ideias – se não admirados – ao menos respeitados.

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